quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Óleo usado vira biodiesel

( 06/10/2007 )
Após servir para fritar alimentos, óleo é transformado em combustível na Ulbra. Depois de três anos de pesquisa em desenvolvimento de tecnologia para reciclar e "limpar" o óleo usado em fritura de alimentos, e mais um ano de estudos para o seu reaproveitamento em biodiesel, professores e alunos do curso de Química do campus de Canoas da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), agora, já produzem, mesmo que ainda em escala de laboratório, o combustível. E além da obtenção do biodiesel de qualidade, eles têm a consciência de que podem contribuir muito para evitar o passivo ambiental. "Temos a tecnologia para a produção de biodiesel a partir do óleo usado para fritura de alimentos. Desenvolvemos essa tecnologia em nossos laboratórios e conquistamos um biodiesel padrão, além de, com isso, contribuir decisivamente para evitar o passivo ambiental desse óleo usado", disse a coordenadora do curso, Dione Silva Corrêa. No início das pesquisas para a reciclagem do óleo usado em fritura de alimentos, a intenção era o seu reaproveitamento na obtenção de resinas para a indústria de tintas. "Conseguimos esse reaproveitamento. Aí surgiu no mercado o biodiesel, com incentivos públicos para a sua produção e sua forte introdução na matriz energética brasileira. Resolvemos, então, partir para este reaproveitamento e também conseguimos", disse a coordenadora do curso. Ela trabalhou junto com os professores Carlos Rodolfo Wolf e Marcelo Gosmann e dos então alunos Masurquede de Azevedo Coimbra e Maurício Schmidt. A Tecpon Indústria e Comércio de Produtos Químicos Ltda, de Cachoeirinha, empresa que tem experimentado outras parcerias com a universidade, pesquisou em cerca de 300 restaurantes de vários municípios da Região Metropolitana e constatou, somente neste universo, um potencial de cerca de 12 mil litros mensais de óleo usado em fritura de alimentos. "Em média, para cada litro de óleo reciclado temos um reaproveitamento de 80% em biodiesel. Os outros 20% podem ser reaproveitados em forma de glicerinas, sobre as quais também estamos trabalhando para o seu aproveitamento como cicatrizantes de feridas em corpos humanos. Esse projeto está sendo desenvolvido, já há dois anos, exclusivamente para a Tecpon". Trabalhar com a reciclagem de óleo usado na fritura de alimentos exige procedimentos químicos variados pois, normalmente, esses óleos são distintos uns dos outros pela quantidade de vezes que foram usados nas cozinhas dos restaurantes, pelas temperaturas a que foram submetidos e até mesmo pelas suas origens. "Tudo precisa ser analisado e todas as variáveis consideradas nesta análise. O fundamental é chegar ao fim do processo de reciclagem com um óleo limpo e pronto para seu reaproveitamento, seja lá para o que for, inclusive para o biodiesel", lembrou Dione.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Plástico biodegradável

Pesquisadoras brasileiras conseguem produzir plástico que se degrada em apenas 45 dias
Mônica Pinto / AmbienteBrasilApesar dos esforços no campo da reciclagem, as garrafas PET continuam se constituindo em um problema ambiental sério. A boa notícia é que pesquisadoras do sul do Brasil conseguiram produzir um plástico a partir das garrafas PET que se degrada em apenas 45 dias. O trabalho foi conduzido pela acadêmica Delne Domingos da Silva, no sexto semestre de Engenharia Ambiental da Univille (SC), tendo como orientadora Ana Paula Pezzin e, como co-orientadora, Andréa Schneider, ambas também vinculadas a mesma instituição de ensino. Porém, o projeto está ligado a mais duas universidades: PUC/RS e Universidade Pierre et Marie Curie, na França. “Basicamente, a PUC/RS, coordenada pela doutora Sandra Einloft com auxílio da Universidade Francesa fazem a reciclagem química do PET pós-consumo e a Univille/SC, coordenada pela doutora Ana Paula Pezzin, estuda a degradação em solo destes copolímeros”, explicou Delne a AmbienteBrasil. Os experimentos, por enquanto, transcorrem em âmbito laboratorial, porém os bons resultados já indicam diversas aplicações para o produto em grande escala, dependendo de suas propriedades, que variam com o teor de PET e com o poliéster alifático utilizado na síntese. Dentre elas, a pesquisadora cita embalagens para mudas, cabos de escovas de dente, cartões telefônicos, enfim aplicações em produtos de rápida descartabilidade. “A indústria já manifestou interesse, mas pretendemos manter sigilo”, diz Delne. No trabalho, em algumas composições, a biodegradação em solo iniciou-se em um período de 45 dias para copolímeros de PET- co-PTS - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(sebacato de trimetileno) - e de sete meses para copolímeros de PET-co-PEA - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(adipato de etileno). Os copolímeros de PET-co-PES - poli(tereftalato de etileno)-co-poli(succinato de etileno) - ainda estão enterrados, já apresentando sinais de início de degradação após 8 meses em solo. Segundo Delne, a produção mundial anual de polímeros é de aproximadamente 200 milhões de toneladas. “Sabe-se que muitos destes polímeros apresentam uma alta estabilidade e podem levar de 100 a 500 anos para sofrer biodegradação”, lembra, comentando que, a partir dos anos 90, uma grande preocupação com os problemas ambientais causados pelo acúmulo destes materiais no meio ambiente vem impulsionando a pesquisa em torno deles. “A utilização de técnicas combinadas de incineração, reciclagem (química e mecânica) e o uso de polímeros biodegradáveis indicam maneiras de auxiliar na resolução deste problema”, completa.

Água, evitando o desperdíco

EXCLUSIVO: Mais um invento brasileiro contribui para poupar os recursos naturais
Neide Campos / AmbienteBrasil
A água representa 75% do planeta Terra. Desse volume, apenas 2,5% é potável, ou seja, própria para consumo. E a grande maioria dessa pequena porcentagem não está acessível. Por isso a economia de água é imprescindível.O desperdício de água no Brasil é patente. Carros e calçadas que continuam lavados com mangueira são apenas um (mau) exemplo disso. Para se ter uma idéia, uma dona de casa, ao lavar a louça do almoço, pode gastar, em 15 minutos, 243 litros de água potável. Se deixar a torneira aberta por cinco minutos, ao escovar os dentes, a pessoa pode mandar pelo ralo doze litros de água tratada. Seis litros são desperdiçados em cada descarga de vaso sanitário – isso nas mais modernas.Ao menos nesse último quesito, a tecnologia chegou para diminuir o consumo. Um novo sistema, recém patenteado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), promete economizar as água das descargas em três litros. Batizado de Sistema Daltony Ecologicamente Correto, o invento é montado com uma caneca, um contrapeso e um par de ímãs. Os ímãs se atraem mantendo a caneca no lugar garantindo assim o selo hídrico. No momento da descarga, a água liberada vence a força dos ímãs que liberam a caneca num ângulo de 90º, permitindo assim que os dejetos sejam despejados diretamente dentro da tubulação do esgoto. “A caneca esvazia-se, fica mais leve que o contra peso que a traz de volta ao ponto de partida e o par de ímãs de novo se atrai, mantendo-a no lugar até a próxima descarga”, explicou a AmbienteBrasil Dalmo José Peres, inventor do sistema. Dalmo, que é empresário do ramo de alimentos, conta que teve a idéia em 2002, ao ler uma reportagem sobre a dificuldade que a indústria mundial de louça sanitária estava enfrentando para produzir vasos sanitários com menor consumo de água. “Estava em um restaurante e caminhei até o meu banheiro para observar o vaso e conclui in loco, olhando o poço, que havia como despejar os dejetos diretamente na tubulação do esgoto com muito menos esforço que o sifão e assim economizar água de verdade. Fiz e deu certo”. A inovação substitui apenas o sifão da bacia sanitária. Todo o resto é igual, o que facilita a adesão por parte dos consumidores. A eficiência do sistema foi comprovada por laudo do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (SP). Segundo Dalmo, pelo monopólio da indústria de louça sanitária no Brasil, ele não conseguiu nenhuma parceria, portanto ele mesmo pretende comercializar o produto a partir de março. Várias empresas, inclusive multinacionais, estariam interessadas na substituição das descargas e bacias convencionais. O consumidor residencial também poderá adquirir o vaso sanitário já com o sistema. “A diferença de preços não é nada absurda e se paga rapidamente com a redução no consumo da água e, em conseqüência, no valor da conta”, explica Dalmo.