quinta-feira, 29 de maio de 2008

Mini-Cursos na XIV Semana de Meio Ambiente PUC-Rio 2008

Estão abertas as inscrições para os mini-cursos: “Agrofloresta”, "Bambu e sua importância socioambiental", “Botânica Econômica”, “Jardins Sustentáveis”, “Plantas Medicinais”, “Saúde, Sociedade e Ambiente” e “Educação Ambiental: Teoria e Prática”.

Informações sobre horários e salas estão disponíveis no site do NIMA. Os participantes receberão certificado.

AGROFLORESTA - “Os Sistemas Agroflorestais: Uma outra Perspectiva do Ambiente”Professores: Ilana Nina de Oliveira e Carlos LaeteCarga horária: 12 horas/3 dias
Horário: 13h às 17h
Nº de alunos: 25
Valor: R$ 25,00
O mini-curso pretende apresentar um outro olhar a respeito do aproveitamento do espaço urbano e rural para produção sustentável, buscando uma visão integrada de ambiente e garantindo preservação ambiental e qualidade de vida. Para isso será oferecido material didático, onde serão apresentados conteúdos a respeito de sistema agroflorestais, hortas caseiras e compostagem. Complementando o conteúdo teórico serão realizadas práticas de plantio e construção.

BOTÂNICA ECONÔMICAProfessor: MSc. Carlos ReifCarga horária: 12 horas
Horário: 19h às 22:30h Número de alunos: 30
Valor: R$ 25,00
É real a abrangência da utilização de plantas em nossas vidas. Não seria exagero afirmar que as plantas são, atualmente, os organismos mais importantes existentes. Sua utilização permeia praticamente todos os aspectos da vida. A proposta do mini-curso é conversar sobre a diversidade de uso de plantas, bem como a própria diversidade das plantas e de partes de plantas utilizadas, localizando os principais usos e grupos de plantas utilizadas. Será oferecido material didático.

JARDINS SUSTENTÁVEISProfessor: Ana Iath.Carga horária: 12 horas.
Horário: 9h às 13h Número de alunos: 15
Valor: R$ 25,00
Leitura da paisagem, composição paisagística, ecogênese e jardins sustentáveis, análise de solo, composição e preparação do substrato, princípios de sucessão ecológica aplicados a micropaisagem, aplicação dos princípios na execução de um jardim real no campus PUC.

PLANTAS MEDICINAISProfessor: Nina Escorel Arouca e Laida da Silva CruzCarga horária: 12 horas.
Horário: 13h às 17hNúmero de alunos: 20
Valor: R$25,00
As plantas medicinais voltaram a despertar interesse e merecer investimentos em pesquisa e ensino, seja pela descoberta de novos compostos com propriedades medicinais, seja pela busca de diminuir os gastos da população com medicamentos, ou por ser uma alternativa na prevenção e tratamento de doenças, além de minimizar o problema de efeitos colaterais observados no uso de vários medicamentos sintéticos. Será oferecido material didático.

SAÚDE, SOCIEDADE E AMBIENTE
Professor: Paulo Klingelhoefer de SáCarga horária: 12 horas.Número de alunos: 30
Horário: 17h às 21h
Valor: R$25,00
A crise mundial quanto ao nosso modelo de vida e os seus efeitos sobre o ambiente nos faz rever nossos valores e princípios. A análise desse processo torna-se imprescindível frente aos novos desafios, tanto para os profissionais de saúde como para os demais, assim como para a população em geral. O curso visa provocar uma reflexão sobre questões que integram o modelo de sociedade, as questões ambientais e sua associação à saúde. Será oferecido material didático.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL TEORIA E PRÁTICAProfessor: Ms. Roosevelt FidelesCarga horária: 9 horas.Número de alunos: 30
Horário: 15h às 18h
Valor: R$25,00
O mini-curso se divide em duas partes - teoria e pratica. A primeira, abordando desde a história da Educação Ambiental, seus princípios e objetivos, apresenta ainda o contexto brasileiro, seus ciclos econômicos e aspectos legais. A segunda parte, destinada à prática da disciplina, trata da educação ambiental não formal e fala dos principais projetos promovidos no campus da PUC-Rio. Será oferecido material didático.

O bambu e sua importância sócio-ambiental
Professor: Vicente Jesus
Horário: 09h às 13h
Nº de alunos: 20

Sobre a temática da XIV Semana


A partir do Colóquio Global de Reitores de Universidades, convocado em 2007 pela New York University, por conta do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, a reitoria da PUC procura dar ênfase à ampliação de pesquisas e debates sobre as questões suscitadas pós-Kyoto.Convidados a integrar uma espécie de comitê sobre as mudanças climáticas, assessorando o citado Secretário Geral, o evento convocou 25 Reitores do mundo inteiro à reflexão em torno do potencial de sustentabilidade das universidades, tanto dentro quanto fora de seus campi, tais como a coleta seletiva de lixo, a economia de energia, as novas construções, a educação ecológica dos alunos e a utilização de materiais recicláveis, entre outras práticas.

A pedido do Reitor Pe. Jesus Hortal, um plano de sustentabilidade vem sendo desenvolvido pela Comissão de Sustentabilidade da PUC. Organizada pelo NIMA este ano, a Comissão apresenta uma proposta de projeto permanente dentro da PUC.

Toda esta complexidade envolve a sociedade contemporânea integralmente, sendo fundamental alargar os espaços de discussão, tornando viável a troca e complementaridade entre as mais diversas áreas do conhecimento. Colocando a metodologia inderdisciplinar a serviço do desenvolvimento socioambiental mais sadio, a temática “Universidade Sustentável” foi eleita para as discussões da 14ª Semana de Meio Ambiente da PUC-Rio.

A programação foi definida com o intuito de despertar o interesse do maior número de pessoas possível. Sendo assim, serão ministradas palestras, mesas-redondas, oficinas e mini-cursos para aqueles que buscam desde esclarecimentos básicos até um conhecimento aprofundado sobre o tema, além de pré-eventos durante todo o semestre 2008.1, buscando integrar todo o campus universitário. Exposições e intervenções também farão parte do cotidiano acadêmico no calendário da semana.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Os índios e os engenheiros.


A questão indígena brasileira é de delicada interpretação. Da mesma forma, a questão das cotas para negros também o é. E entre estas duas temáticas, uma linha histórica amarra alguns anos da formação da sociedade brasileira.

Como bem entendendemos, na nossa lingua, nos nossos modos e no que faz de nós "povo", temos nossas origens fundadas num verdadeiro "cozido" de culturas a muito fortificadas. Nós, brasileiros, não somos cultura "clássica", de raízes ou tradições. Nós, como crianças, estamos ainda confusos procurando "identidade".

Somos burocraticamente portugueses, e junto deles, cheios de razão e com pouco fazer por onde. O que aliado ao satisfeito ou "sustentável" índio e ao "insatisfeito" e extremamente forte negro, temos essa pureza dura, essa conexão astral preocupada que anciosamente precisa se impor e dizer "eu já sou grande, eu posso fazer sozinho". Quando mal se sabe, o que se encanta é exatamente a idade... a idade do Brasil, que como numa criança de 4 anos, é admirável. A pirraça, quando não se é os pais, é tão bonitinha.

Pois bem. Na cidade, no campo, praias e cerrados. Florestas e ambientes urbanos abrigam milhares e diversas pessoas, de historias de vida, de familia, de tradições... que automaticamente se comunicam e sistematizam um socializar-se. É a diversidade, a abertura a novidade, à alternativa... ao passo que a necessidade de se sustentar, forte, satisfeito...

E de longe observo os índios. Estão em suas terras, cada vez menores. Rodeados (imagine o mundo que concebemos ao redor do "seu" chão) pelo movimento incessante de informação, disputa, transformação... Sinta o que seria. Sinta-se no alto de uma montanha e assista a cidade de longe... E faça parte.

O índio é parte, tem funções objetivas que o traduzem para o meio. É cacique, é guerreiro, é xamã, é criança, é mulher e tantos outros encaixes e outras tantas características sutis. E se a sua terra se reduz, se sua aldeia fica apertada... a cidade sobe a montanha, questiona os cargos, desestrutura a política, quebra a ordem e enfraquece o povo ... toma o povo. Toma a terra, as pessoas, a historia... convence ou simplesmente mata. O povo, já sem chão... se não pela luta, sofre.

E algumas imagens tem sido estas. Índios enfrentando com utensílios "tradicionais" engenheiros da cidade. Não há comunicação, não há acordo. Há apenas a cidade subindo a montanha e o povo lá de cima reagindo como pode, metendo os pés pelas mãos graças à uma total inabilidade de diálogo, afirmação. De respeito. Assim são os índios - legítimos, como os sem-terra, os imigrantes ilegais, os camelôs ou os maconheiros. Momentos em que a lei não é poder, a lei é a arrogância paleativa que se perde do vocabulário da negligencia, de uma incapacidade em lidar de homem para homem. A Lei colocada na boca errada é máscara de atitudes não apenas homicidas, mas anti-culturais.

Enquanto não desenvolvermos nossas caracteristicas locais, nossos traçados culturais, não haverá amadurecimento social. Sustentabilidade, o nome da moda, quer dizer apenas SABER CUIDAR.

O que são créditos de carbono?

O Protocolo de Quioto foi um acordo internacional que estipulou metas de redução de emissão dos gases do efeito estufa até 2012. Países mais poluidores, classificados como pertencentes ao Anexo I, se comprometeram a baixar suas emissões dentro do prazo estipulado. Entre eles estão Japão e União Européia.
A atuação das nações no nível de emissões da mesma se dá por uma legislação restritiva a suas indústrias, forçando-as a investir na redução da emissão de gases de efeito estufa de forma a atingir as metas propostas pelo Protocolo de Quioto em 1997, referentes ao nível de emissões em 1990.
Todo país em desenvolvimento (não pertencente ao Anexo I) que implantar tecnologias propostas pelo MDL (mecanismos de desenvolvimento limpo) podem gerar CRE's (certificados de redução de emissão). Se uma termelétrica for substituída por uma usina de energia solar ou eólica, certamente muitas toneladas de dióxido de carbono deixarão de ser liberados todos os anos. Dessa forma, para cada tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser produzida, um CRE é obtido.
O crédito de carbono nada mais é do que um CRE, o qual pode ser comercializado em bolsa. Dessa forma, os países do anexo I que não conseguirem atingir as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa podem comprar esses créditos de carbono gerados por outras nações ou empresas. Ao passo que, indústrias do Anexo I que reduzem suas emissões abaixo do estipulado ou países em desenvolvimento que reduzem suas emissões através do MDL podem vender seus CRE's para outros.
Na BM&F já é possível comprar e vender créditos de carbono. Os créditos de carbono são contabilizados através da seguinte relação: 1 tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser produzida equivale a um crédito de carbono. Há outros gases que também contribuem para o efeito estufa em proporções distintas. O metano, por exemplo, é 21 vezes mais poluente que o dióxido de carbono, portanto, reduzir 1 tonelada de metano produzida significa obter 21 créditos de carbono. 1 tonelada de dióxido de carbono está cotada hoje em US$15,00 ou US$18,00. Considerando que há um ano custavam US$5,00; estima-se que o valor deve subir para US$30,00 ou US$40,00 no período de implantação da meta imposta pelo Protocolo de Quioto.
Um exemplo dessa situação é a extração do petróleo em plataformas marítimas. Aquela flama que se vê saindo de uma chaminé é do metano sendo queimado e transformado em dióxido de carbono antes de ser liberado para a atmosfera. É menos impactante lançar ao ar livre o dióxido de carbono do que o metano, que possui capacidade de agravar o efeito estufa 21 vezes maior. A solução tem sido simplesmente queimar este gás.
O Brasil está em posição privilegiada neste contexto. Sendo um país que utiliza amplamente seus recursos hídricos, acaba por ter um índice de emissões inferior ao dos países desenvolvidos, podendo vender estas "cotas" de poluição.
Porém o futuro não parece ser tão promissor para o Brasil quanto parece. O baixo investimento no setor hidroelétrico e a iminente saturação de sua demanda de energia o colocou em uma situação complicada economica e estrategicamente. A meta de crescimento de 5% ao ano anunciada por Lula para os próximos 4 anos implica uma demanda energética para a qual não há oferta suficiente para suportar.
O plano do governo é instalar termelétricas, as quais são altamente poluentes e possuem baixo nível de produtividade. Dessa forma, a nossa vantagem no mercado de créditos de carbono fica seriamente ameaçada.
Em minha opinião uma decisão tomada por falta de planejamento. Em engenharia, considera-se um projeto de curto-prazo quando visa um período de até 10 anos; e a implantação de uma usina hidrelétrica leva pelo menos 8 anos, o que é muito tempo comparando-se a uma termelétrica que leva apenas 2 ou 3 anos, porém nada que não pudesse ter sido previsto no planejamento público.