terça-feira, 24 de junho de 2008

O auto-gerenciamento e o tempo de nossas vidas

Por Cristine de Carvalho para Residencia Social, Comunicarte
Tempo é vida. Recurso fundamental, matéria-prima básica das atividades exercidas. O tempo é um recurso perecível, não renovável, mais escasso e mais valioso que existe. O “agora”, momento vivido, já passou e não há vontade nenhuma que traga aquele momento de volta.
Esse mesmo tempo que parece atropelar e fazer desejar ser 2 ou 3 pessoas para poder dar conta de tudo, é o responsável pelo crescimento pessoal. Graças ao tempo que se tem, e que muitas vezes não se percebe ter, é que se pode dividir as atividades e ampliar conhecimento, exercitar o convívio social, trabalhar e cuidar de saúde.
O tempo sendo bem administrado é mais bem aproveitado dentro da duração da vida. Não é preciso correr contra o relógio, fazer horas extras, trazer trabalho para casa ou fazer uma coisa pensando em outra.
O tamanho de uma hora ou de um minuto é o mesmo, onde quer que se esteja – trabalhando ou se divertindo entre amigos. Os dias sempre têm vinte e quatro horas, 31.536.000 segundos. E neste tempo é preciso se dedicar, além do trabalho, ao lazer, à família, à saúde, ao desenvolvimento, ao relaxamento e ao descanso. Portanto, o tempo de nossas vidas é administrado e não o do trabalho. O trabalho é uma das atividades dispostas nas vinte e quatro horas diárias de vida. O auto-gerenciamento ou gerenciamento da vida são expressões melhores aplicadas porque implicam que nós gerenciamos nós mesmos no tempo que nos é destinado.
O trabalho é uma função do tempo. O planejamento é feito em função do tempo; projetos e atividades devem ser completados em determinado tempo. O processo de Trabalho é uma complexa máquina onde as atividades são interdependentes com uma variável em comum: O Tempo.
Apesar de ser algo simples e conhecido por todos, democraticamente distribuído, o fator tempo apresenta suas complexidades quando se procura discutir e teorizar sobre ele - assim afirmou Santo Agostinho.
Precisando muitas vezes ser lembrado do óbvio sobre a concepção das pessoas sobre o tempo, o presente trabalho destaca algumas técnicas de gerenciamento do tempo a partir do valor de produtividade pessoal. Elucida alguns mitos em torno da administração do tempo e ao final, acrescenta o debate em torno da qualidade de vida e dos cuidados com a saúde do trabalhador.
Mitos da administração do tempo
No que concerne ao conhecimento em torno da administração do tempo, alguns mitos em torno do hábito de se gerenciar o tempo foram colhidos por Eduardo Chaves (1992), no livro “Administração do tempo”. Colocados na pauta da conversa entre amigos e, principalmente mas não apenas, durante o expediente de trabalho, os mitos vêm sendo substituídos pela constatação de resultados efetivos do sucesso da administração do tempo na produtividade do individuo nas diversas áreas de sua vida.
A começar pelo primeiro mito de que administrar o tempo se aplica apenas à esfera profissional da vida, há “falta de tempo” – ainda que ele seja igual para todos - quando não se observa onde mais se está investindo tempo, deixando outras áreas de interesse em defasagem.
E certamente não são interesses apenas dentro das funções profissionais, mas sim necessidades de aperfeiçoamento (pessoal, profissional ou das relações com outras pessoas), de condicionamento físico e mental, de relaxamento ou do exercício da criatividade com novos materiais – novas experiências ou resgate de velhos hábitos, dentre tantas outras vontades de cada indivíduo e seus momentos de vida.
A conquista do tempo se dá através de seu gerenciamento e direção. Quem administra o tempo é senhor dele. Não é “escravo do relógio” - outro mito divulgado. Quem tem o tempo sob seu controle, conhece suas prioridades e sabe se programar de forma flexível. Dominar o tempo é fazer o que deseja no momento em que deseja e não sob a pressão do momento.
Outro mito é o de que se trabalha melhor sob pressão, o que seria uma alavanca para o aumento da produtividade. Segundo Eduardo Chaves, “este é um mito criado para racionalizar a preguiça, a indecisão, a tendência a procrastinação.”. Precisando-se fazer um trabalho mais complexo, ele é satisfatoriamente produzido quando feito em partes, rendendo muito mais do que quando feito de uma só vez e em cima do prazo. Este fato é constatado no contexto escolar, quando um aluno que estuda ao longo do ano, com calma e sem pressões, sai-se geralmente muito melhor do que aquele que deixa para estudar nas vésperas das provas e por isso vê-se obrigado a passar noites em claro para fazer aquilo que deveria vir fazendo durante o tempo de aprendizagem em sala de aula.
O último mito a ser comentado é o de que “ter tempo é questão de querer ter tempo”. A questão, no entanto, não é apenas querer, mas fazer por onde. Quando se quer existe a procura por conseguir e uma das formas de se conseguir realizar alguma atividade é dar espaço de tempo a ela. Dar espaço ou organizar o tempo é administrar o tempo.

Nenhum comentário: