
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Sobre o ato de pensar e de sonhar

domingo, 19 de outubro de 2008
Woman´s Ways
A mulher precisa ser para o mundo, ser para si e ser para alguém. Por mais que a mulher da casa, ou a mulher extremamente doadora aparentemente estejam fora dessa "generalização", elas no entanto são seus exemplos clássicos.
Porque ser para o mundo é uma dívida natural que o corpo da mulher procura quitar pelo que este mundo naturalmente dá a ela. A mulher no mundo não requer dinheiro ou demais representações simbólicas de "poder" - o seu "poder" é apenas a troca que exerce com sua terra, suas pessoas, sua origem vital e aquele serne - seu sentido mais profundo de ser. E responde a pergunta: ser pra que.
O trabalho da mulher é o exercício de suas qualidades, criar suas dádivas, cultivar seus dons. Sua produção. Como filhos dão trabalho, qualquer outro "serviço" no mundo é reflexo do serviço anterior, em si mesma, da vontade de produzir, se ser no mundo.
E falar em filhos nos trará relativas associações, não apenas ao trabalho para o mundo, quanto para si e para alguém. Neste ponto todos os temas, no mesmo ritmo, fazem sentido na concepção profunda do termo, à questão da natureza feminina.
Vamos morrer no dia que precisarmos morrer, não importa "como viemos". Não existe caminho correto, mas o melhor caminho para cada um.
Existem oportunidades e todas elas acabam em uma bifurcação. A escolha de um caminho leva a determinada história que não sabemos como será até vivê-la e não sequer imaginamos como poderia ter sido se escolhessemos o outro caminho.
De qualquer forma, a bifurcação chega a uma estrada, a um sinal e a um questionamento.
Sem olhar pra trás: Esta é a felicidade:
Por que de qualquer origem é o que sempre se espera e o que, ao ver sinais e um caminho, parece encontrar. A certeza de que se está na direção e sentidos perfeitos.
" Qualquer caminho é apenas um caminho e não contitui insulto algum- para si mesmo ou para os outros- abandoná-lo quando assim ordena o coração (...) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessário... . Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo um pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmantivo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma." Carlos Castañeda, The teachings of Don Juan.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Conexões Ocultas
A meta da economia global é a de elevar ao máximo a riqueza e o poder de suas elites; a do projeto ecológico, a de elevar ao máximo a sustentabilidade da teia da vida. Atualmente, esses dois movimentos encontram-se em rota de colisão: ao passo que cada um dos elementos de um sistema vivo contribui para a sustentabilidade do todo, o capitalismo global baseia-se no princípio de que ganhar dinheiro deve ter precedência sobre todos os outros valores. Com isso, criam-se grandes exércitos de excluídos e gera-se um ambiente econômico, social e cultural que não apóia a vida, mas a degrada, tanto no sentido social quanto no sentido ecológico.
O grande desafio que se apresenta ao século XXI é o de promover a mudança do sistema de valores que atualmente determina a economia global e chegar-se a um sistema compatível com as exigências da dignidade humana e da sustentabilidade ecológica. Capra demonstra, de modo conclusivo, que os seres humanos estão, de forma inextricável, ligados à teia da vida em nosso planeta e mostra quão imperiosa é a necessidade de re-organizarmos o mundo segundo um conjunto de crenças e valores diferente (que não tenha o acúmulo de dinheiro por único sustentáculo) e isso não só para o bem-estar das organizações humanas, mas para a sobrevivência e sustentabilidade da humanidade como um todo.

vomitos aleatorios I
Gosto do mundo como ele se mostra, sem a minha intervenção. Dos desafios, da interação constante. Com a minha troca, eu realizo meu papel. Eu sou o instrumento.
Se eu descobrir, eu apenas mudei a perspectiva e tirei de baixo dos panos. A vida, os fatos, sempre existiram. As pessoas não criam, elas juntam, descobrem, fazem da sua vida o maior laboratório social. A criação do olhar, das atitudes e o descobrir dos sentidos é a atividade que perpetua a espécie, que transforma o meio, que tece a rede, que se retro-alimenta em relação ao meio, ao ambiente.
Partes de un diálogo sobre conscientização ecologica
A midia é o meio. Caracetriza-la é dar lhe apenas corpo... E como todo corpo ele transmite informaçoes, reproduz ideias, compoe o cenario da vida. Mas a midia náo é fonte. A fonte do pensamento humano está nas suas realiza;óes e experiencias, nas suas referencias a longo prazo... Na composiçao que desenvolve em relacao ao amor. Para a midia apenas a missáo de transmitir entre os seres humanos as caracteristicas do amor.
Receita de desembaraço

A proximidade do outro
No Rio de Janeiro, a cidade do acalanto, conheço uma pessoa, vinda do Sul, a procura de mais aproximação entre estranhos. Ele reclama que na cidade dele as pessoas que não se conhecem formalmente não se falam, não se olham... e quando se conhecem, pouco se abraçam. No Rio esse carinho todo pode realmente acontecer com mais frequencia, mas não é possivel afirmar que esse movimento em direção ao outro traz consigo a intimidade ou se o próprio calor humano não se tornou frívolo.
Conceitos e trans-conceitos
Como fazer sentir... FATOS - INDIVÍDUO - AÇÃO.
Não são apenas fatos. As pessoas se constróem (persona) enquanto indivíduos em redomas (bolhas). As relações sociais em áreas de urbanização ou de maior povoamento tendem à superficialidade, ao utilitarismo ou à organicidade. E até que ponto obstroem um novo fluxo de consciencia, uma nova idéia... posto que às massas elas ganham status de normalidade, enquanto que aos poucos é pouco.
A corrida sem objetivos, o caminho flutuante não requer maiores preceitos morais. Não para a ação individual pelo momento eco-social! Momento de temperança, tolerância, de fortalecimento de laços e não sua multiplicação frágil.
Este momento (como toca o I Ching e os escritos sobre o Tao) é exatamente o espaço de renovação de valores e então o maior impulso evolutivo-construtivo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008
Partes de diálogo com MM
a educaçao, como a midia... sáo varinhas de condáo que despertam lá dentro de cada um seus tesouros
pq desperta e o sujeito elabora, desenvolve e cria a partir
deles... nao repete o mestre nao... faz mais!
Midi-mor
Eco
ser-objeto
Somos parte de uma fórmula que nos atormenta mas que não completa. Para sermos apenas sem-graça, estímulos para o nada. Continuidade Parada. Continuidade Mesma. Mesma e fragmentada.
E é assim; posto aos pedaços que segue a tradição da manutenção. Dos mecanismos e do poder. Do que quando somos o que não se espera. Dói em conseguir espaço. Dor não é fácil. Mas a cicatriz é das melhores.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Economia de revolução
A crise alimentar é de tal envergadura, associada aos transtornos advindos das mudanças climáticas, que nos é permitido falar da urgência de uma revolução. Esta palavra foi usada no dia 2 de fevereiro de 2007 em Paris pelo ex-presidente francês Chirac ao ouvir os resultados alarmantes sobre o aquecimento global. Advertia ele que, face à atual situação, devemos tomar a palavra revolução, no seu sentido mais literal. É urgente fazer mudanças radicais nas formas de produção e de consumo, caso quisermos nos salvar e preservar a vida em nosso Planeta. Desta vez não podemos fazer economia de revolução. Há implementá-la já agora.
Evidentemente não se trata de revolução no sentido da utilização de violência, mas no sentido que lhe conferiu nosso historiador Caio Prado Jr: transformações capazes de estruturar a vida de todo um sistema social de maneira consentânea com as necessidades mais profundas e gerais de suas populações, algo que confere um novo rumo às vidas humanas?.
Pois é isso que está se impondo a nível mundial. A Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a maioria dos governos implantaram um tipo de industrialização da agricultura com a liberalização dos mercados que se regem pela competição e pela especulação, que acabaram por afetar a soberania alimentar da maioria dos paises no mundo. É ilusão pensar que aqueles que produziram a crise, têm a chave de sua solução. Eles propõem mais do mesmo: mais produção, mais fertilizantes, mais transgênicos, mais mercado não para saciar a fome mas para fazer mais dinheiro. Ninguém pensa em colocar mais dinheiro na mãos dos famintos para poderem comprar comida e sobreviver. Podem morrer de fome diante de uma mesa farta à qual não tem acesso.
A solução se encontra nas mãos daqueles que no mundo inteiro garantem grande parte do suprimento alimentar: a agricultura familiar e as pequenas cooperativas populares. A agricultura familiar no Brasil representa 70% dos alimentos que chegam à mesa. Ela é responsável por 67% do feijão, 89% da mandioca, 70% dos frangos, 60% dos suínos, 56% dos laticínios, 69% da alface e 75% da cebola. Estes pequenos agricultores, articulados entre si e também em nível internacional, devem formular as políticas de produção, privilegiar os mercados locais e regionais e manter sob vigilância os mercados mundiais para inibir a especulação e impedir a formação de oligopólios.
terça-feira, 24 de junho de 2008
O auto-gerenciamento e o tempo de nossas vidas
Esse mesmo tempo que parece atropelar e fazer desejar ser 2 ou 3 pessoas para poder dar conta de tudo, é o responsável pelo crescimento pessoal. Graças ao tempo que se tem, e que muitas vezes não se percebe ter, é que se pode dividir as atividades e ampliar conhecimento, exercitar o convívio social, trabalhar e cuidar de saúde.
O tempo sendo bem administrado é mais bem aproveitado dentro da duração da vida. Não é preciso correr contra o relógio, fazer horas extras, trazer trabalho para casa ou fazer uma coisa pensando em outra.
O tamanho de uma hora ou de um minuto é o mesmo, onde quer que se esteja – trabalhando ou se divertindo entre amigos. Os dias sempre têm vinte e quatro horas, 31.536.000 segundos. E neste tempo é preciso se dedicar, além do trabalho, ao lazer, à família, à saúde, ao desenvolvimento, ao relaxamento e ao descanso. Portanto, o tempo de nossas vidas é administrado e não o do trabalho. O trabalho é uma das atividades dispostas nas vinte e quatro horas diárias de vida. O auto-gerenciamento ou gerenciamento da vida são expressões melhores aplicadas porque implicam que nós gerenciamos nós mesmos no tempo que nos é destinado.
O trabalho é uma função do tempo. O planejamento é feito em função do tempo; projetos e atividades devem ser completados em determinado tempo. O processo de Trabalho é uma complexa máquina onde as atividades são interdependentes com uma variável em comum: O Tempo.
Apesar de ser algo simples e conhecido por todos, democraticamente distribuído, o fator tempo apresenta suas complexidades quando se procura discutir e teorizar sobre ele - assim afirmou Santo Agostinho.
Precisando muitas vezes ser lembrado do óbvio sobre a concepção das pessoas sobre o tempo, o presente trabalho destaca algumas técnicas de gerenciamento do tempo a partir do valor de produtividade pessoal. Elucida alguns mitos em torno da administração do tempo e ao final, acrescenta o debate em torno da qualidade de vida e dos cuidados com a saúde do trabalhador.
Mitos da administração do tempo
No que concerne ao conhecimento em torno da administração do tempo, alguns mitos em torno do hábito de se gerenciar o tempo foram colhidos por Eduardo Chaves (1992), no livro “Administração do tempo”. Colocados na pauta da conversa entre amigos e, principalmente mas não apenas, durante o expediente de trabalho, os mitos vêm sendo substituídos pela constatação de resultados efetivos do sucesso da administração do tempo na produtividade do individuo nas diversas áreas de sua vida.
A começar pelo primeiro mito de que administrar o tempo se aplica apenas à esfera profissional da vida, há “falta de tempo” – ainda que ele seja igual para todos - quando não se observa onde mais se está investindo tempo, deixando outras áreas de interesse em defasagem.
E certamente não são interesses apenas dentro das funções profissionais, mas sim necessidades de aperfeiçoamento (pessoal, profissional ou das relações com outras pessoas), de condicionamento físico e mental, de relaxamento ou do exercício da criatividade com novos materiais – novas experiências ou resgate de velhos hábitos, dentre tantas outras vontades de cada indivíduo e seus momentos de vida.
A conquista do tempo se dá através de seu gerenciamento e direção. Quem administra o tempo é senhor dele. Não é “escravo do relógio” - outro mito divulgado. Quem tem o tempo sob seu controle, conhece suas prioridades e sabe se programar de forma flexível. Dominar o tempo é fazer o que deseja no momento em que deseja e não sob a pressão do momento.
Outro mito é o de que se trabalha melhor sob pressão, o que seria uma alavanca para o aumento da produtividade. Segundo Eduardo Chaves, “este é um mito criado para racionalizar a preguiça, a indecisão, a tendência a procrastinação.”. Precisando-se fazer um trabalho mais complexo, ele é satisfatoriamente produzido quando feito em partes, rendendo muito mais do que quando feito de uma só vez e em cima do prazo. Este fato é constatado no contexto escolar, quando um aluno que estuda ao longo do ano, com calma e sem pressões, sai-se geralmente muito melhor do que aquele que deixa para estudar nas vésperas das provas e por isso vê-se obrigado a passar noites em claro para fazer aquilo que deveria vir fazendo durante o tempo de aprendizagem em sala de aula.
O último mito a ser comentado é o de que “ter tempo é questão de querer ter tempo”. A questão, no entanto, não é apenas querer, mas fazer por onde. Quando se quer existe a procura por conseguir e uma das formas de se conseguir realizar alguma atividade é dar espaço de tempo a ela. Dar espaço ou organizar o tempo é administrar o tempo.
Priorizar e otimizar a vida no tempo.
Para determinar suas prioridades, conforme sugerido por Paulo, responda as seguintes questões: O que mais importa? O que eu desejo atingir, pessoal ou profissionalmente? Quais são os resultados que estou buscando? Ou, para ir ainda mais fundo, faça esta pergunta vital: no meu enterro, o que espero que seja dito a meu respeito? Que tipo de pessoa eu terei sido? O que eu valorizei? Que contribuições prestei?
O primeiro exercício eficaz para se tornar verdadeiros senhores do próprio tempo é, segundo Dulce Magalhães, aprender a dizer “não”. A constante revisão de valores permite o segurança de princípios necessária para o julgamento do que deve ou não fazer parte da vida. Responder “não” a atividades que são urgentes, mas não ampliam a qualidade do que se é ou daquilo que se faz é um exercício de coragem importante para romper o perverso circuito do desperdício.
No livro "Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes" Stephen Covey destaca o que acredita ser os princípios da vida efetiva. Qualidades imutáveis como responsabilidade, integridade, respeito e compreensão mútua são princípios tão válidos atualmente quanto em 1989, quando o livro foi publicado pela primeira vez.
"Sofremos hoje, porém, mais pressão na vida pessoal e profissional do que há uma década. Atribuo isso em parte à tecnologia, que tem acelerado nosso passo – além de nos separar, em vez de nos aproximar", afirmou Stephen em um artigo.
A administração do tempo é realmente difícil de ser conseguida nos dias de hoje, e boa parte dessa dificuldade ocorre em virtude do excesso de informação que nos propomos à estar expostos hoje - e-mail, telefone, jornais, livros, revistas, TV, celular... No entanto, a questão é: Quanta desta informação é realmente útil e vale a pena ser fixada em nossas mentes?
Desperdiçadores de tempo e soluções administrativas.
Eventos e hábitos que levam ao mal uso do tempo são desperdiçadores. Dependendo de suas fontes, eles podem ser de ordem institucional (externo) - ainda que seu controle seja feito pelo administrador – e são gerados por eventos ou outras pessoas, tais como excesso de papéis, de interrupções, telefonemas, barulhos, distrações visuais.
Ou de natureza pessoal (internos), como desorganização e indefinição de prioridades, indecisão, tendência a procrastinação, perfeccionismo e tentativa de esconder a verdade de si mesmo. Mesmo que os obstáculos externos sejam removidos, as possibilidade de administrar o tempo apenas aumentam quando os empecilhos pessoais forem conquistados.
Algumas atitudes podem ser tomadas para começar a organização do espaço de atividades, entre elas: agendamento e redirecionamento de tarefas; diminuição de papéis informativos, de interrupções, de telefonemas, e até mesmo de reuniões. Todos estes empecilhos carregam momentos valiosos e perda de produtividade. Ao se ver desorganizado, a tendência à procrastinação aumento, na busca pela resolução dos problemas por eles mesmos.
Dentre as técnicas apresentadas por Chaves para a contenção de tarefas está a elaboração de uma “Lista Mestra”, onde os projetos em desenvolvimento de curto, médio e longo prazo são incluídos. A partir desta lista os projetos são priorizados e quebrados em tarefas até que estas tarefas sejam suficientemente pequenas para ser incluídas na Lista de Lembretes para agendamento.
A Lista de Lembretes incluirá todas as atividades a serem feitas e que podem ser incluídas na agenda diária como um item. A princípio, essas atividades devem levar até quatro, ou, talvez, duas horas por dia.
A escolha dos projetos da Lista Mestra a serem divididos impõe outra dificuldade à maioria das pessoas: definir prioridades. Organizando a Lista Mestra, as atividades podem ser classificadas segundo dois critérios: tipo e prioridade. Em relação ao tipo, podem ser “compromissos”: marcados dia e hora, e o não cumprimento é exceção e portanto a atividade é prioritária; e “a fazer” são atividades que não possuem tempo determinado e podem ser feitas no decorrer da semana. Esta última pode ter data limite o que lhe transforma em compromisso.
Resumindo, as atividades são manejadas num quadro que inclui:atividade, prazo, resultado, facilidade, prioridade e finalizado.
As atividades “a fazer” estão associadas à prioridades. Elas podem ser importantes e urgentes; importantes e não-urgentes; urgentes e não-importantes; e ainda não-importantes e não-urgentes ou de pouco impacto se não forem executadas.
Pessoas pró-ativas fazem importantes contribuições enfocando atividades que fazem uma diferença significativa nos resultados. Agindo proativamente, é possível desenvolver a disciplina de fazer coisas importantes mas não necessariamente "urgentes". O sucesso vem de ser proativo, de trabalhar naquilo que mais importa, de conduzir resultados em longo prazo e de continuidade. Pessoas reativas, por outro lado, vêem-se presas nas coisas que menos importam. Atividades tais como planejamento, preparação, manutenção preventiva e comunicação interpessoal são importantes mas negligenciadas com freqüência, pela ausência de iniciativa. Em geral se espera até que uma crise ou problema surja para que haja reação.
A importância do estabelecimento de prioridades e na concentração de esforços pode ser bem entendida através do Princípio de Pareto ou Lei de 20/80 que pode ser enunciada da seguinte maneira: Em 80% dos casos, “Os itens mais significativos de um determinado grupo normalmente constituem um pequeno percentual do número total de itens do grupo” ou “80% do valor provém de 20% dos itens” ou “20% dos clientes geram 80% do faturamento”. O mesmo pode ser aplicado ao tempo: 80% de tempo e esforços despendidos produzem 20% dos resultados.
Organização e prazer
Quanto maior a organização (figuramente, quanto mais os trilhos estão em ordem), mais se ganha tempo, espaço, energia e liberdade para ir em direção àquilo que realmente interessa (chegar ao lugar certo) e dá prazer (curtir a paisagem). É muito comum as reclamações da falta de tempo para atividades de lazer, como praia e cinema pois tamanha é a quantidade de trabalho, as contas a serem pagas e obrigações familiares a cumprir. Dadas as circunstâncias, o melhor a fazer é aprender a lidar com elas.
Apesar de não existir uma única forma de organização perfeita, os especialistas dão algumas dicas que podem nos ajudar a vencer o desafio da bagunça, como foi mostrado ao longo deste trabalho.
É claro que não existe uma forma única de organização perfeita. Mas é possível se escolher as que são mais adequadas a cada caso e adaptá-las de acordo com o estilo próprio.
Além do “efeito organização interna”, colocar cada coisa em seu lugar (e mantê-la ordenada) ajuda a poupar tempo, esse bem tão desejado nos nossos dias. “Ao contrário do que muita gente pensa, organizar o espaço não é uma perda de tempo. É um ganho,pois você vai saber exatamente onde estão as coisas e não vai mais perder minutos preciosos ou até mesmo horas preciosas procurando-as”, afirma a psicóloga Sâmia Simurro, vice-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
Ninguém aqui quer pregar o fim da espontaneidade. Afinal, a vida não teria graça nenhuma sem ela. Algumas das mais belas canções de amor do mundo não teriam sido criadas por Gainsbourg se ele tivesse levado apenas uma vida certinha, monótona e cheia de regras. Estamos falando de uma organização que, na medida certa, serve em grande medida para simplificar nossa vida. Trata-se, na realidade,de uma forma de libertação.Uma boa síntese disso é feita pelo filósofo Mario Sergio Cortella, professor da PUC de São Paulo.Diz ele: “Tenho uma razão muito simples para ser uma pessoa organizada: gosto muito de cultivar o ócio.Quanto mais organizado eu sou, mais tempo livre eu tenho para me dedicar àquilo de que mais gosto. Ou seja, ficar sem fazer nada e sem culpa”.
Mind Mapping
O Mind Mapping , como é chamado, surgiu na década de 70 como resultado de muitas pesquisas feitas pelo inglês Tony Buzan. Sua técnica é baseada na organização não linear das anotações, em mapas de direcionamento da informação, fazendo dinâmicas e criativas. "É um método visual de organização de dados e informações, que vem quebrar a linearidade dos organogramas comuns", afirma Liz Kimura, consultora e facilitadora internacional e única representante oficial da técnica no Brasil.
O Mind Mapping ajuda a estimular e a equilibrar o funcionamento dos dois hemisférios do cérebro: o esquerdo, que rege o pensamento linear, a lógica, as letras, os códigos e os números; e o direito, que rege o lado emocional, intuitivo, sentimentos imagens e cores. "Com o equilíbrio dessas duas partes, a pessoa se torna mais produtiva e criativa nas atividades de todas as áreas da vida", completa Liz.
LEASING SOCIAL
Estes recursos são de ordem física - automóveis, animais ou habitações, mas referem-se a questões de ordem social. De maneira geral está direcionado a certa categoria de público, em sua maioria de baixa renda e moradores de regiões não beneficiadas por um ou mais benefícios do desenvolvimento humano.
São exemplos de leasing social: a iniciativa de uma cooperativa francesa de transporte para estrangeiros de rendimentos modestos na sua procura de emprego, contando com a associação do futuro empregado; o leasing de cabra na Paraíba, onde os animais são enviados às famílias que necessitam de seu leite – os filhotes fariam parte também da iniciativa, em compromisso com o empréstimo de leite recebido; o leasing de burro, no Programa Acelera Brasil do Instituto Ayrton Senna, onde o animal era o meio de transporte para algumas crianças em direção às escolas ou ainda, no setor habitacional, o Programa de Arrendamento Residencial do Estado de São Paulo.
Para tanto, leasing social tem preferencialmente a meta de buscar alternativas ao empreendimento individual como parte essencial do desenvolvimento social.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Mini-Cursos na XIV Semana de Meio Ambiente PUC-Rio 2008
Estão abertas as inscrições para os mini-cursos: “Agrofloresta”, "Bambu e sua importância socioambiental", “Botânica Econômica”, “Jardins Sustentáveis”, “Plantas Medicinais”, “Saúde, Sociedade e Ambiente” e “Educação Ambiental: Teoria e Prática”.
Informações sobre horários e salas estão disponíveis no site do NIMA. Os participantes receberão certificado.
AGROFLORESTA - “Os Sistemas Agroflorestais: Uma outra Perspectiva do Ambiente”Professores: Ilana Nina de Oliveira e Carlos LaeteCarga horária: 12 horas/3 dias
Horário: 13h às 17h
Nº de alunos: 25
Valor: R$ 25,00
O mini-curso pretende apresentar um outro olhar a respeito do aproveitamento do espaço urbano e rural para produção sustentável, buscando uma visão integrada de ambiente e garantindo preservação ambiental e qualidade de vida. Para isso será oferecido material didático, onde serão apresentados conteúdos a respeito de sistema agroflorestais, hortas caseiras e compostagem. Complementando o conteúdo teórico serão realizadas práticas de plantio e construção.
BOTÂNICA ECONÔMICAProfessor: MSc. Carlos ReifCarga horária: 12 horas
Horário: 19h às 22:30h Número de alunos: 30
Valor: R$ 25,00
É real a abrangência da utilização de plantas em nossas vidas. Não seria exagero afirmar que as plantas são, atualmente, os organismos mais importantes existentes. Sua utilização permeia praticamente todos os aspectos da vida. A proposta do mini-curso é conversar sobre a diversidade de uso de plantas, bem como a própria diversidade das plantas e de partes de plantas utilizadas, localizando os principais usos e grupos de plantas utilizadas. Será oferecido material didático.
JARDINS SUSTENTÁVEISProfessor: Ana Iath.Carga horária: 12 horas.
Horário: 9h às 13h Número de alunos: 15
Valor: R$ 25,00
Leitura da paisagem, composição paisagística, ecogênese e jardins sustentáveis, análise de solo, composição e preparação do substrato, princípios de sucessão ecológica aplicados a micropaisagem, aplicação dos princípios na execução de um jardim real no campus PUC.
PLANTAS MEDICINAISProfessor: Nina Escorel Arouca e Laida da Silva CruzCarga horária: 12 horas.
Horário: 13h às 17hNúmero de alunos: 20
Valor: R$25,00
As plantas medicinais voltaram a despertar interesse e merecer investimentos em pesquisa e ensino, seja pela descoberta de novos compostos com propriedades medicinais, seja pela busca de diminuir os gastos da população com medicamentos, ou por ser uma alternativa na prevenção e tratamento de doenças, além de minimizar o problema de efeitos colaterais observados no uso de vários medicamentos sintéticos. Será oferecido material didático.
SAÚDE, SOCIEDADE E AMBIENTE
Professor: Paulo Klingelhoefer de SáCarga horária: 12 horas.Número de alunos: 30
Horário: 17h às 21h
Valor: R$25,00
A crise mundial quanto ao nosso modelo de vida e os seus efeitos sobre o ambiente nos faz rever nossos valores e princípios. A análise desse processo torna-se imprescindível frente aos novos desafios, tanto para os profissionais de saúde como para os demais, assim como para a população em geral. O curso visa provocar uma reflexão sobre questões que integram o modelo de sociedade, as questões ambientais e sua associação à saúde. Será oferecido material didático.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL TEORIA E PRÁTICAProfessor: Ms. Roosevelt FidelesCarga horária: 9 horas.Número de alunos: 30
Horário: 15h às 18h
Valor: R$25,00
O mini-curso se divide em duas partes - teoria e pratica. A primeira, abordando desde a história da Educação Ambiental, seus princípios e objetivos, apresenta ainda o contexto brasileiro, seus ciclos econômicos e aspectos legais. A segunda parte, destinada à prática da disciplina, trata da educação ambiental não formal e fala dos principais projetos promovidos no campus da PUC-Rio. Será oferecido material didático.
O bambu e sua importância sócio-ambiental
Professor: Vicente Jesus
Horário: 09h às 13h
Nº de alunos: 20
Sobre a temática da XIV Semana

segunda-feira, 26 de maio de 2008
Os índios e os engenheiros.

O que são créditos de carbono?
A atuação das nações no nível de emissões da mesma se dá por uma legislação restritiva a suas indústrias, forçando-as a investir na redução da emissão de gases de efeito estufa de forma a atingir as metas propostas pelo Protocolo de Quioto em 1997, referentes ao nível de emissões em 1990.
Todo país em desenvolvimento (não pertencente ao Anexo I) que implantar tecnologias propostas pelo MDL (mecanismos de desenvolvimento limpo) podem gerar CRE's (certificados de redução de emissão). Se uma termelétrica for substituída por uma usina de energia solar ou eólica, certamente muitas toneladas de dióxido de carbono deixarão de ser liberados todos os anos. Dessa forma, para cada tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser produzida, um CRE é obtido.
O crédito de carbono nada mais é do que um CRE, o qual pode ser comercializado em bolsa. Dessa forma, os países do anexo I que não conseguirem atingir as metas de redução de emissão de gases de efeito estufa podem comprar esses créditos de carbono gerados por outras nações ou empresas. Ao passo que, indústrias do Anexo I que reduzem suas emissões abaixo do estipulado ou países em desenvolvimento que reduzem suas emissões através do MDL podem vender seus CRE's para outros.
Na BM&F já é possível comprar e vender créditos de carbono. Os créditos de carbono são contabilizados através da seguinte relação: 1 tonelada de dióxido de carbono que deixa de ser produzida equivale a um crédito de carbono. Há outros gases que também contribuem para o efeito estufa em proporções distintas. O metano, por exemplo, é 21 vezes mais poluente que o dióxido de carbono, portanto, reduzir 1 tonelada de metano produzida significa obter 21 créditos de carbono. 1 tonelada de dióxido de carbono está cotada hoje em US$15,00 ou US$18,00. Considerando que há um ano custavam US$5,00; estima-se que o valor deve subir para US$30,00 ou US$40,00 no período de implantação da meta imposta pelo Protocolo de Quioto.
Um exemplo dessa situação é a extração do petróleo em plataformas marítimas. Aquela flama que se vê saindo de uma chaminé é do metano sendo queimado e transformado em dióxido de carbono antes de ser liberado para a atmosfera. É menos impactante lançar ao ar livre o dióxido de carbono do que o metano, que possui capacidade de agravar o efeito estufa 21 vezes maior. A solução tem sido simplesmente queimar este gás.

Porém o futuro não parece ser tão promissor para o Brasil quanto parece. O baixo investimento no setor hidroelétrico e a iminente saturação de sua demanda de energia o colocou em uma situação complicada economica e estrategicamente. A meta de crescimento de 5% ao ano anunciada por Lula para os próximos 4 anos implica uma demanda energética para a qual não há oferta suficiente para suportar.
O plano do governo é instalar termelétricas, as quais são altamente poluentes e possuem baixo nível de produtividade. Dessa forma, a nossa vantagem no mercado de créditos de carbono fica seriamente ameaçada.
Em minha opinião uma decisão tomada por falta de planejamento. Em engenharia, considera-se um projeto de curto-prazo quando visa um período de até 10 anos; e a implantação de uma usina hidrelétrica leva pelo menos 8 anos, o que é muito tempo comparando-se a uma termelétrica que leva apenas 2 ou 3 anos, porém nada que não pudesse ter sido previsto no planejamento público.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
Indicadores Sociais de Desenvolvimento
Durante mais de um quarto de século, o crescimento econômico tinha sido apresentado como meta e valor supremo para as sociedades ocidentais e orientais, desenvolvidas e subdesenvolvidas. Passando a ser considerado o único caminho capaz de solucionar os graves problemas de habitação, saúde, alimentação, educação e emprego que afligem essas sociedades.
A avaliação dos resultados da Primeira Década de Desenvolvimento das Nações Unidas (1960-1970)[2], bem como da situação social em países que experimentaram uma expansão acelerada, nos últimos anos, parece indicar uma correlação, antes insuspeita entre crescimento econômico e deterioração da situação social, sendo freqüente o agravamento das desigualdades e das contradições internas nas sociedades em vias de desenvolvimento. A abordagem tradicional do crescimento econômico enfatizava apenas a expansão da renda. Mas o índice de desenvolvimento humano (IDH), o desempenho econômico dos países e o PIB per capita não podem ser considerados como únicos indicadores de seu desenvolvimento.
Os estudos de Ravallion (2004) com dezenas de países ao longo do século XX mostram que os indicadores econômicos, de crescimento do capital físico, não apresentam uma tendência segura de crescimento do capital social, ou seja, de melhorias na qualidade de vida da população e de redução das desigualdades provocadas pelo próprio crescimento econômico.
No Brasil, a velha idéia de que “é preciso deixar crescer o bolo para então dividi-lo”, proeminente nos anos 70, durante o período chamado “Milagre Brasileiro”, mostrou que esta tendência alavancou a entrada de capital financeiro, mas não se confortava a realidade social de um país cujo histórico é de dominação e autoritarismo de elites privilegiadas. O resultado foi uma enorme e ainda recente péssima distribuição de renda. O bolo cresceu mas foi dividido de forma bastante desigual.
Resumindo, enquanto as capacidades produtivas elevaram a produção mundial a mais de 25 quatrilhões de dólares, as polarizações sociais cresceram acentuadamente. Segundo informes da Organização das Nações Unidas (1998), 358 pessoas são possuidoras de uma riqueza acumulada superior à de 45% da população mundial (Tranning, 2006).
Ao verificar-se que o crescimento acelerado não leva necessariamente à maior equidade e justiça social, tornou-se primordial o exame da viabilidade de caminhos e instrumentos alternativos para a consecução do objetivo último – uma sociedade justa, equilibrada e democrática.
Nos últimos quinze anos, a nova abordagem do desenvolvimento a partir do desenvolvimento Humano emergiu, se difundiu e consolidou, não só nos meios acadêmicos e entre os formuladores de políticas públicas, mas também em segmentos como a mídia, as empresas e a sociedade civil organizada.
Essa abordagem, inspirada por Amartya Sen, economista que ganhou o Prêmio Nobel de Economia de 1998, vê como objetivo último do desenvolvimento o aumento das capacidades e habilidades das pessoas, a ampliação das suas possibilidades de ser e fazer aquilo que valorizam, e de expandir as liberdades humanas. A abordagem do desenvolvimento humano ressalta a importância da ampliação das escolhas humanas nos campos econômico, social, político e cultural.
Neste trabalho, pretendo apresentar a história da construção dos indicadores sociais como medidas de desenvolvimento de uma sociedade; uma importante ferramenta de informação sobre as suas características construídas ao longo do tempo.
A pobreza, como sabemos, não se restringe a um PIB baixo. Mas tem sua expressão na mortalidade infantil, na baixa expectativa de vida, no alheamento da cultura, nas perseguições de raça e gênero, no trato despótico das diferenças, no ressurgimento de doenças erradicáveis.
Em meio
Gestão do Intangível e a valorização do capital social na economia
Na atual Era do Conhecimento, as sociedades deixaram a Era do Tangível para entrar na Era do Intangível. Alguns fatores sinalizam essa transição, como a globalização, a valorização das questões locais e culturais, o aumento exponencial das pressões da sociedade organizada (com o crescimento das ONGs, por exemplo), a mudança de foco de empresas tradicionais, a relevância econômica e cultural das multinacionais, a migração da hegemonia do capital de países para empresas, o crescimento do número de fusões e aquisições, as fraudes contábeis, o crescimento da Internet, o aumento generalizado da insegurança individual, profissional e social, o fortalecimento do profissional do tipo VOCÊ SA., e assim por diante (DOM, 2006).
Desta forma, tendo a sociedade sido remodelada a partir de novas técnicas de informação, é necessário buscar também técnicas capazes de apreender os impactos dos conteúdos conhecidos e das mudanças estruturais percebidas, tanto no cotidiano das operadoras de serviços, empresas e governos, como dos indivíduos em rede. Uma das formas avaliar as mudanças do capital humano já vem sendo promovidas, os Indicadores sociais cumprem esse papel.
No entanto, conceitos como “confiança”, “comunidade” e “redes” – fatores fundamentais na composição do capital social, são abordados por muitos estudiosos do tema como de difícil operacionalização (quantificados e qualificados), haja visto que não basta identificar o número de componentes das redes (ligações e nós), mas sim apreender a sua importância para a comunidade. É, portanto, um desafio para os pesquisadores e, principalmente, para aqueles interessados em usar o capital social para promover o desenvolvimento, é conseguir explicar que existem retornos mensuráveis a partir do crescimento do capital social.
Uma das principais linhas a que se tem chegado ao se avaliar o impacto do capital social na economia de uma empresa, por exemplo, tem sido avaliar o valor da marca desta empresa, frente à sua aceitação pública. Hoje em dia, o crescimento do Marketing e da Publicidade, aliada ao Design de Logomarcas e formas de conceitualização produto-público-alvo são fortes estratégias de aliança entre os “recursos e significados” construídos em sociedade e “a imagem e a reputação” de uma instituição, e até mesmo de uma governança estatal.
O capital social é uma forma de capital, e, embora sua definição seja alvo de discussão na ciência econômica, algumas características parecem se destacar em alguns estudos, como a não-ocorrência de retornos decrescentes; que o capital social se aprecia com o uso (não se deprecia, portanto); é produzido coletivamente a partir das relações sociais existentes nas comunidades, mas seus benefícios até então não podiam ser antecipadamente mensurados. Embora possua características de bem público, observa-se nele um aspecto único, qual seja, a sua produção é, necessariamente, coletiva.
A Rede Invisível: tecnologias de informação e as formas de inclusão
“No final do século XX, vários acontecimentos de importância histórica transformaram o cenário social da vida humana.”. Assim inicia o “Prólogo: a Rede e o Ser”, do livro “Sociedade em Rede, de Manuel Castells. Segundo o autor, uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado. Economias do mundo todo passaram a manter interdependência global, apresentando uma nova forma de relação entre a economia, o Estado e a sociedade em um sistema de geometria variável (Castells, 2005).
Desta forma, o caráter fluido da informação, a base da geração do conhecimento e da ação social, teve sua relevância econômica e política investigada em várias áreas do conhecimento – desde a ciência da informação, a sociologia, a economia, até a ciência política.
A rede na economia remete à idéia de “comportamento” corporativo entre indivíduos, empresas e atores políticos a fim de receber “vantagens em rede”. Estes benefícios pertencem à sociedade e são realizadas por parceiros independentes que agem de forma autônoma.
No mercado empresarial, o formato em rede caracteriza a relação entre as várias fases da cadeia produtiva (Marteleto, 2004). Conectados eletronicamente, estes empreendedores se unem em redes fluidas e temporárias para produzir e vender mercadorias e serviços. Com a conclusão do seu trabalho, a rede se dissolve e os seus membros ficam novamente independentes, circulando na economia à cata de novas encomendas.
Do ponto de vista político, Börzel (1998) elucida a conclusão de estudiosos do tema, onde rede é um “conjunto de relações relativamente estáveis, de natureza não-hierárquica e interdependente, que vinculam uma variedade de atores que compartilham interesses comuns com relação a uma política e que trocam recursos para satisfazer esses interesses compartilhados, reconhecendo que a cooperação é a melhor maneira de atingir objetivos comuns.”.
Na concepção científico-tecnológica, a última década trouxe para a cadeia produtiva o conceito de rede. Com a larga difusão dos computadores pessoais no mercado e o impulso à utilização da telemática (Internet) como veículo de informação, grandes mudanças passaram a caracterizar a comunicação entre os indivíduos e os meios de se trabalhar. Também podendo ser chamada de rede invisível pela desmaterialização da produção, muitos processos começavam e terminavam via computadores e internet.
Para aqueles que puderam ser incluídos na nova rede por motivos econômicos e pessoais (de renda e de adaptação, por exemplo), os benefícios são a velocidade e a facilidade na interação entre indivíduos distantes tanto fisicamente quanto culturalmente, o que leva a maiores oportunidades de conhecimento – ainda que de maneira superficiais. Além destes, o uso da informática trouxe dispositivos ao crescimento de iniciativas individuais e de micro empresas – onde por exemplo todo um mercado virtual já existe.
No entanto, estes benefícios não são acessíveis a todos aqueles que gostariam de tê-lo. A maioria dos produtos de consumo condensa conhecimento científico e tecnológico e o acesso a eles é condição de integração na vida civilizada, como afirma Bernardo Sorj (2003). Tanto em termos de qualidade de vida como em chances de inserção na sociedade em geral e no mercado de trabalho em particular.
Como afirmou o Dr. Jorge Werthein (2003), ainda quando era diretor da UNESCO no Brasil, e atual diretor-executivo da RITLA[1], “o crescimento das redes e aplicações das tecnologias de informação e comunicação não garante, por si mesmo, os fundamentos das sociedades o conhecimento. Para construí-la é necessária a escolha política sobre quais são as metas desejáveis, principalmente para que se possa ampliar o acesso eqüitativo à educação e ao conhecimento. Essa é uma tarefa de todos e se insere no processo coletivo de superação da exclusão digital, uma das dimensões da desigualdade social”[2].
[1] Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana
[2] Retirado do Prefácio de “Brasil@povo.com”.
A rede de confiança
Como mostra Saraiva (2002), na prática, a rede é um conceito largamente operacional que permite construir novas realidades e modificar sistemas já existentes. No entanto, nas várias esferas da produção, os principais desafios da inter-relação na rede de trabalho são: a promoção da confiança interpessoal, do crédito e da ética; os entraves da coordenação dada a diversidade de pessoas/organizações fora das fronteiras tradicionais; a negociação com a ausência de hierarquia, pelos acordos “ganha-ganha”; a necessidade de capacitação digital, para a conectividade e como fonte de informação; a construção de relações estáveis e de produtividade, mesmo com tamanha diversidade; e a necessidade de controle e do clima amistoso de liberdade.
Francis Fukuyama discute em Confiança, que as relações sociais influenciam o desempenho econômico, tanto de uma organização como de uma nação. Indicadores de bem-estar e de capacidade de competir, por exemplo, mostram as condições e a abrangência do nível de confiança entre os agentes da sociedade civil – empresas, sindicatos, igrejas, clubes, associações comunitárias, ONG´s e mídia, entre outros.
Para Fukuyama (2002) a economia está permeada pela cultura e depende dos valores morais e da confiança social. Assim, este autor e Putnam enfatizam o papel da confiança para a prosperidade de uma nação, e, para ambos, confiança é a base para o capital social. “Confiança é a expectativa de reciprocidade”, do corpus mínimo, de coesão (Carneiro, 1996), “que pessoas de uma comunidade, baseadas em normas partilhadas, têm acerca do comportamento dos outros. Quem sente e sabe que pode confiar, recebe mais colaboração e aproveita melhor as oportunidades que aparecem” (D´Araujo, 2003). Ou ainda, segundo Marteleto (2004), o nível de confiança (e expectativa) entre os indivíduos da rede está relacionado com o capital social cognitivo e influencia a ação coletiva do grupo.
Concluindo, Fukuyama apresenta o primeiro grande ensaio de integração das visões econômicas e socioculturais a partir da realidade dos anos 90. O autor cria uma escala de sociabilidade para avaliar o chamado “capital social”, o potencial que os indivíduos de uma determinada cultura têm para trabalhar juntas visando objetivos comuns em grupos e organizações. Esta sociabilidade, por sua vez, decorre do grau em que as comunidades compartilham normas e valores, mostrando-se dispostas a subordinar o individual e o coletivo. Desses valores compartilhados nasce a confiança, tema central de seu livro.
O que se constata na prática, como por exemplo, nos estudos da RedeSist[1] sobre os arranjos locais, é a necessidade de levar em conta as características culturais, econômicas e políticas em que todos os atores sociais aproveitam oportunidades surgidas da combinação da posição deles em redes sociais e da estrutura dessas redes, podendo – ou não – resultar no que Schmitz chama de “eficiência coletiva” (Maciel, 2002).
[1] Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais: www.ie.ufrj.br/redesist
Capital social e desenvolvimento
Apesar de ser um conceito complexo, podemos apreender o aspecto essencial do desenvolvimento, como apontou Amartya Sem, economista indiano, colaborador na construção do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e Prêmio Nobel de economia em 1998: “o desenvolvimento seria a ampliação da capacidade de realizar atividades livremente escolhidas e valorizadas” (KAAS, 2005). Porém, tal ampliação não se dá automaticamente com o crescimento econômico, sem primeiro rever-se “como” se está crescendo.
Levando-se em consideração que o capital social assume diversas formas em razão do contexto e das características dos indivíduos que o constituem, ele tem diversas identidades. Tendo seu próprio espaço e tempo de ação, os recursos captados e transformados em capital social têm seu ritmo de desenvolvimento particular. Diferentes meios, diferentes pessoas e diferentes realidades quando observadas de outra sociedade.
Em tempos atuais, é fundamental compreender que cada grupo ou comunidade tem seu ritmo e é incabível julgar certezas de bem-estar social quando estes recursos e valores devem ser relativizados. Não há valores numéricos que indiquem que uma dada sociedade é bem-sucedida. As variáveis econômicas não bastam para produzir desenvolvimento socialmente equilibrado e ambientalmente sustentável.
Assim, os fundamentos e as práticas freqüentemente contraditórias do desenvolvimento econômico vêm sendo veementemente criticadas e os temas sociais e institucionais vem ganhando boa aceitação no mainstream da economia, tornando-se então uma coisa só e reformulando o conceito de desenvolvimento.
OLSON (1982 apud MONASTERIO, 2000) faz uma interessante analogia em relação aos estudos econômicos que procuram contabilizar o crescimento: “Eles não traçam as fontes do crescimento em suas causas fundamentais; traçam a água do rio aos córregos e lagos de onde vem, mas eles não explicam a chuva”.
Ineficiente ao identificar valores relativos ao conteúdo das sociedades, seus recursos e seus trejeitos estão as teorias do evolucionismo social. Gilbert Rist é um dos principais críticos aos projetos de desenvolvimento sob esta “crença ocidental”. Neste modelo comparativo os países sub-desenvolvidos deveriam atingir o patamar dos países desenvolvidos, e existem etapas a cumprir de forma contínua e cumulativa. Rist rejeita a possibilidade de que, em matéria de desenvolvimento, seria possível antecipar de modo determinista os passos futuros a serem seguidos pelas economias do Sul e, além do mais, definir as ferramentas para atingir determinados objetivos de maneira universal e independente de contextos e lógicas locais (Rist, 1999 apud Milani, 2005).
Como o modelo evolucionista que distingue as raças humanas, dentro dos estudos antropológicos do século XVIII, a construção de uma verdade absoluta em torno da história do homem, feita por determinados grupos de homens que se auto-determinam “evoluídos”, ainda estão arraigadas na memória do homem ocidental e são apresentadas na forma de extremismos, exclusão e violência.
Os ditos parâmetros de crescimento e inovação podem abranger uma minoria ou assistir milhares de pessoas no mundo todo – com técnicas, marcas e até mesmo estilos de vida. São recursos promovidos e que trazem, quando adequadas às realidades locais ou pessoais, determinado capital social.
Em diversos sentidos, o capital social se aproxima mais do capital humano do que do capital físico. Ele também é intangível, mas sua quantificação é mais complexa do que o capital humano, já que é observada nas relações entre os indivíduos (COLEMAN, 1988; REQUIER-DESJARDINS, 2000 apud MONASTERIO, 2000).
Outros autores e intelectuais como Wolfgang Sachs, Serge Latouche, Ivan Illich e Arundathy Roy afirmaram ser fundamental analisar e requalificar criticamente os processos de transformação social vistos sob a etiqueta do desenvolvimento. Estes autores, por mais que não tivessem apresentado um novo conceito e prática do desenvolvimento a partir do capital social que substituísse o anterior, denunciaram as práticas incoerentes do desenvolvimento econômico e seus resultados nocivos, sobretudo nos contextos onde as desigualdades e as carências de infra e superestrutura são muito evidentes.
Outro importante impacto da corrida pelo desenvolvimento econômico que atropela valores sociais acontece nas relações entre os indivíduos em sociedade. Estando as associações de interesses comuns diminuindo sua prática, é visto que, com o distanciamento entre seus componentes, a competição vem tomando o lugar da confiança. Isto ocorre principalmente nas sociedades de ideal democrático e com este histórico, como o caso dos EUA, onde foi produzido “Democracia na América” de Tocqueville e “Bowling Alone” de Putnam.
Assim como na pesquisa de Putnam, diversos estudos estão sendo produzidos a partir da observação deste crescente individualismo nas sociedades. Como Putnam em “Bowling alone”, o sociólogo polonês Zygmunt Bawman observa, em Modernidade Líquida, com seu olhar “romântico”, o esfacelamento dos laços de amizade e cooperação até então fundamentais para o desenvolvimento social.
Acrescenta ainda que, nas sociedades por ele denominadas pós-modernas inseridas grandes cidades-centros comerciais, a liquidez e a efemeridade na absorção das informações e na construção das imagens são características marcantes. Estando dispostas a um grande e variado número de recursos, as possibilidades e oportunidades se alargam tornando a experiência cotidiana uma entrada e saída de informações e escolhas. Em alta velocidade e pretendendo entrar em contato com o máximo de conhecimento possível, os indivíduos se isolam e criam novos mecanismos de sociabilizar-se.
A comunicação, portanto, vem adquirindo novos meios de conexão e transmissão das suas mensagens, seus conteúdos também se adequam aos novos interesses de seus receptores. Na comunicação e na viabilização de conhecimento é necessário atentar para as constantes tendências - do capital social.
Em relação às estimativas de queda dos números de associações, feita por Putnam, verifico que as características de muitas associações mudaram – talvez tenham deixado de ser de bairro, de esportes de grupo presencial ou de jantares com amigos. As redes sociais caracterizam-se por serem traçadas também pela internet, por celulares, em restaurantes e em ambientes públicos. Talvez tenha deixado de ser tão privativa a famílias e grupos específicos e tenha se colocado em disposição mais alargada, com maior incidência de novidades e referências. Afinal de contas o que se ganhou com a confiança e a cooperação pode também ter sido a tolerância com a diversidade.
As características individualistas também agregam valores e são potencialmente capazes de gerar desenvolvimento social. Mudança social é mudança nos componentes e nas relações entre os componentes do conjunto que constitui a sociedade. Usando metaforicamente a linguagem econômica, poderíamos dizer que haverá mudanças sociais quando houver alterações do capital humano e do capital social.
Capital Social, Tendências e Construções
O Capital humano é definido pelos graus de saúde, educação e nutrição de um povo; ele pode ser mensurado através de Indicadores, como o IDH, onde são avaliadas as condições e tendências em relação à metas e objetivos, dentro de temas como mortalidade infantil, expectativa de vida, analfabetismo, etc.
No entanto, para alguns autores, como MacGillivray (1997), uma vez que os pré-requisitos para o desenvolvimento humano sejam atendidos (capital humano), as pessoas devem utilizar esse potencial para exercer uma vida plena de significados dentro da sociedade. O autor afirma que a participação dentro da sociedade é mais do que a inexistência de obstáculos (capital humano) para se alcançar alguns objetivos. Existem, segundo ele, meios de se definir o desenvolvimento social não-individual. O principal meio é como continua o autor, o capital social.
Concepções de Capital Social
Na corrente da mudança de perspectiva do conceito de "comunidade" para "redes sociais", vários autores das ciências sociais passaram a investigar, desde os anos de 1990, o conceito empírico de capital social (Burt, 2005; Lin, 2005; Narayan, 1999; Portes, 1998; Grootaert, 1997; Fukuyama, 1996; Putnam, 1993; Coleman, 1990).
James Coleman (1990) aplica o conceito na área da educação e analisa seu papel no crescimento do capital humano, em uma abordagem baseada na escolha racional. Para este autor, capital social é um recurso que representa a habilidade das pessoas de trabalharem juntas para um fim comum em grupos ou dentro das organizações.
O autor aponta, com dados estatísticos sobre a sociedade norte-americana, a importância do capital social para a obtenção de capacidades e qualificações que elevam a produtividade do trabalho humano.
Putnam (1994)[1] descreve o capital social como uma característica da organização social, como as redes, onde as normas facilitam a coordenação e cooperação em benefício mútuo. Tais associações fornecem a base de cooperação dentro da sociedade e o capital social pode ser descrito como a participação do processo decisório ou integração social.
O capital individual é um estoque de competências, qualidades e aptidões enquanto que o capital social, um estoque de relações e valores. Segundo Putnam, as normas de reciprocidade (ajuda mútua) estabelecidas na relação entre os indivíduos é o que caracteriza o capital social de uma sociedade. Graças ao motivo que aproxima as pessoas, interesses em comum ou não: “bonding” – interesses similares e “bridging”, interesses diversos.
Para este autor, dentro os benefícios das sociedades com alto capital social estão: a diminuição dos crimes em lugares onde as pessoas conhecem seus vizinhos; a melhora do desempenho de estudantes quando os pais estão mais envolvidos nas relações comunitárias; melhor trabalho do governo quando as pessoas estão envolvidas na vida cívica; e o aumento da realização econômica quando do aumento da confiança.
Putnam afirma que a tradução da mentalidade do “eu” para o “nós” advém de redes sociais marcadas pela confiança, normas e sistemas de larga solidariedade, criadas a partir das contínuas interações entre os indivíduos. Assim, os sistemas de participação cívica são a forma essencial de capital social, e quanto mais desenvolvidos forem esses sistemas numa comunidade, maior será a probabilidade de que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício coletivo.
Um ambiente de confiança plena conta com um importante recurso a ser aplicado na solução de muitos problemas e por isso permite a ampliação das possibilidades, estimulando inovações. Tais recursos estão relacionados tanto à cultura familiar quando à esfera política e econômica.
Para Putnam, as redes de relações propiciam o fluxo e o intercâmbio de informações (compartilhamento) reproduzindo espaços de comunicação. Na interação dentro destes espaços, as associações engendram hábitos cívicos, confiança e um espírito cooperativo, o que vem a contribuir com o desenvolvimento, tanto social como econômico. Esta é, segundo o autor, uma função chave para sistemas ricos em capital social.
Os resultados de testes empíricos cross-section sugerem que os países com maior intensidade de capital social (redes e associações) teriam maior taxa de acumulação de capital físico – bens materiais ou de valor quantitativamente avaliável e comparável.
Finalmente, o capital individual pode ser visto como atributo particular ao agente social, mas a rede de conexões entre estes indivíduos e suas qualidades é um ativo que gera benefícios principalmente para os mesmos. O ambiente de rede torna a experiência cotidiana plena (até mesmo direcionada, normatizada, ordenada) o que é socialmente favorável pelos recursos dados ao seu potencial de sustentabilidade (desenvolvimento social sustentável).
Em pesquisas recentes (2001), Putnam identifica uma grande queda nas taxas de capital social nos EUA nos últimos 25 anos: 58% na participação de clubes e outras organizações civis; 33% em jantares familiares; 33% em presença nas igrejas; 45% em amizades por algum fim; e 35% no envolvimento na vida comunitária (encontros públicos).
Ultrapassando a definição de capital social enquanto qualidade das redes sociais e das relações entre os indivíduos, Dominique Meda considera a sociedade, a nação, e o país como um todo, um coletivo que também possui um bem próprio. O capital social é chamado por Meda de “estado social da nação” (etat social de la nation). A sociedade disporia, segundo a autora, de um certo número de bens e recursos, de uma certa quantidade de capitais, cuja progressão, melhora, acumulação e qualidade também podem ser medidas (Meda, 2002 apud Milani, 2005).
Seu uso tende a aumentar seu estoque por meio de ações que incentivam sua criação e reprodução (redes, comunicação, apoio e cooperação). Diminui, porém, na medida em que florescem atitudes e comportamentos relacionados com a intolerância, a discriminação e o desrespeito pelos direitos da pessoa humana, bem como restrições à liberdade de expressão e organização políticas, a diminuição dos espaços públicos de deliberação democrática e a falta de reconhecimento dos direitos de grupos minoritários ou excluídos.
Molyneux (2002, apud Milani, 2005), vê ainda que o capital social pode ser entendido enquanto propriedade de uma sociedade (civicness), propriedade de uma comunidade ou um recurso operacionalizado por indivíduos a fim de maximizar suas capacidades e atingir seus objetivos. É propriedade da sociedade como um todo porque, além de ser um fator central na equação do desenvolvimento e fundamental para a vida econômica, seu valor social ultrapassa sua utilidade econômica.
Não me detendo aos aspectos da contabilidade empresarial, mas ainda tendo como recurso inerente à vida social, o capital social é, segundo Márcio Schiavo, a moeda de troca entre os membros da rede social. Ao assistirmos a crise de cidadania atual, ou da cooperação e do sentimento de pertencimento à uma classe ou um país, e associarmos que as soluções para esta crise está na administração do capital social, se chega a conclusão de que é necessário que o déficit seja pago com este mesmo capital social, desenvolvido.
O déficit de cidadania é segundo Schiavo, pago através do restabelecimento dos vínculos sociais, do fluxo de capital social ativo e da então diminuição das probabilidades de exclusão. O poder público é, dentro desta perspectiva, a rede de valores sociais, e envolve a participação e a cooperação do conjunto de indivíduos, assim como colocado por Putnam.
Ainda é importante enfatizar que o capital social não substitui a efetiva política publica. Segundo Putnam “é um requisito para ela; o capital social trabalha entre e com os estados e os mercados e não no lugar deles. Também não o é nem um argumento para determinismos culturais nem um motivo para culpar a vítima... uma sabia política sabe encorajar a formação do capital social, e o próprio capital social aumenta a eficácia da ação de governo”[2].
O déficit social e a decorrente pobreza não são problemas unicamente econômicos, pela falta de crescimento, ou tão pouco é um problema da falta de oferta eficiente e suficiente de serviços estatais.
Não menos importante do que os impactos do capital físico, o capital social cria condições para que o indivíduo em sua totalidade e a sociedade como unidade, baseados em relações de confiança, gerem uma economia socialmente produtiva.
Ainda que responda às inclinações individuais, o capital social não deixa de ser um bem público constituído na necessidade de reciprocidade na relação entre os diversos interesses pessoais envolvidos, e se manifesta a partir da confiança, de normas e de cadeias de relações sociais.
Em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens é crescente a busca da fonte básica de significado social: da identidade - coletiva ou individual, atribuída ou construída.
A qualidade da relação entre os agentes da rede social é o que dá sentido ao desenvolvimento da sociedade onde estão inseridos.
[1] Robert Putnam aplicou o conceito na compreensão da participação e engajamento da sociedade e os seus efeitos nas instituições democráticas e na qualidade do governo em algumas regiões da Itália.
[2] Putnam, 2004. “Interview to OECD Observer about Bowling together.”
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Globalizar o paradigma do desenvolvimento sustentável
É claro que muito já foi conquistado desde a criação dos movimentos ecológicos e ambientalistas. A agricultura ecológica foi difundida como alternativa; as emissões de CFC – clorofluorcarboneto – foram minimamente limitadas; os alimentos transgênicos têm sido publicamente criticados e na Europa são pouco comercializados; programas de combate a condições de extrema pobreza foram construídos; contra a globalização orientada apenas por interesses econômicos foi desenvolvida uma resistência internacional. Mas, embora se possa afirmar que a opinião pública se manifesta mais interessada pelo meio ambiente e que a “Agenda 21” se tornou mundialmente famosa, muito do que há dez anos foi assumido como compromisso pelos governos ainda não foi concretizado.
O desenvolvimento sustentável é tratado como mera utopia e/ou simpático conceito para discursos; a crise social e ecológica tem-se aprofundado em esfera global com o super aquecimento do planeta, a destruição da biodiversidade, a desertificação, o desmatamento, a contaminação e a escassez de água potável, ínsitos ao crescimento do abismo que separa ricos e pobres no mundo. Muitos recursos biológicos são apropriados comercialmente e muitas espécies vêm sendo extintas ou exterminadas em função da sua utilização pela biotecnologia. Os programas de desenvolvimento situam-se num dos mais baixos patamares da história. Entretanto, o livre mercado e a organização financeira são colocados como prioridade acima de tudo, exatamente como tem recomendado a Organização Mundial do Comércio, edificada como poder mundial desde 1994. Os Estados Unidos, o país mais poluidor do mundo, têm-se negado a assinar o Protocolo de Kyoto que, entre outras resoluções, exige a limitação de emissões de dióxido de carbono em 7%. Eles sozinhos foram apresentados em 1990 como responsáveis por 36% da emissão de dióxido de carbono e em 1998 foi constatado que, ao invés de serem reduzidas, as emissões nos EUA aumentaram em 3,7%. Apesar da negativa diante dos acordos internacionais e do aumento da poluição, o governo norte-americano não sofreu nenhuma advertência por parte da “comunidade internacional”. Esse é o maior problema: como obrigar um país tão poderoso a seguir condições gerais se ele não respeita nenhuma recomendação e a Organização das Nações Unidas, sediada nos Estados Unidos, não toma nenhuma posição em relação a isso?
A pergunta é, evidentemente: como inserir sustentabilidade e economia ecológica na atual globalização? Organizações ambientais alemãs se esforçam em divulgar esta situação e esperam que em Joanesburgo se consiga, pelo menos, constituir uma Comissão Mundial para para a temática sustentabilidade e globalização e que a discussão ambiental possa ser tornada cada vez mais pública. O estilo de vida desperdiçador, possibilitado pela economia capitalista, precisa ser modificado para que pessoas não sejam exterminadas e para que nenhuma lei possa servir como permissão para destruir a vida.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
SER - do dificil para o simples - filosofia visivel

segunda-feira, 7 de abril de 2008
Breve rapidinha: Crédito de carbono
segunda-feira, 31 de março de 2008
“O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo.”

Em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena Seatle a vender suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao Presidente Franklin Pierce, que se tornou um documento institucional importante e que merece uma reflexão atenta pois é uma lição que deve ser cultivada por esta e pelas futuras gerações.Decorridos quase dois séculos da carta do cacique indígena Seatle ao Presidente do Estados Unidos, seus ensinamentos permanecem atuais e proféticos, para todos aqueles que sabem enxergar no fundo do conteúdo de sua mensagem.A carta do cacique Seatle é uma lição inesgotável de amor à natureza e à vida, que permanece na consciência de milhões de pessoas em todas as partes do mundo. É o hino de todos aqueles que amam a natureza e tudo o que nela vive. A cada leitura, renovamos os ensinamentos que ali estão. Serve para ler e reler e passar adiante para que todos a conheçam.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós.
O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.
E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.
Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.
Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a águia? Desapareceu.
É o final da vida e o início da sobrevivência.